O CSG participa no Congresso Luso-Afro-Brasileiro (CONLAB) – Adiado para 2021

 

A Comissão Organizadora do XIV Congresso Luso-Afro-Brasileiro (CONLAB) e 3º Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas de Língua Portuguesa, a realizar em Coimbra, convidam à apresentação de propostas de comunicação nos Grupos de Trabalhos.

As propostas de comunicação deverão ser compostas por um título com o máximo de 20 palavras, resumo com uma extensão máxima de 200 palavras, e cinco palavras-chave. Os autores deverão identificar-se pelo nome, instituição, país e email. As propostas de comunicação deverão ser submetidas em português. Cada autor só poderá assinar no máximo duas propostas de comunicação.

Mais informações: https://www.conftool.pro/conlab2020.

 

As nossas investigadoras Sofia Bento (SOCIUS/CSG-ISEG), Jessica Falconi (CEsA/CSG-ISEG), Helena Mateus Jerónimo (ADVANCE/CSG-ISEG)  e Simone Amorim (CEsA/CSG-ISEG) cocoordenam quatro grupos de trabalho, os seguintes:

Coordenação: José Luís Garcia (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa); Teresa Duarte Martinho (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa); Filipa Subtil (Escola Superior de Comunicação Social, Instituto Politécnico de Lisboa); Helena Mateus Jerónimo (ADVANCE/CSG/ISEG)

O processo de digitalização em curso tem impulsionado mudanças substanciais na esfera social, comunicacional, política, económica, cultural, normativa. Tal processo assume uma dinâmica que tem sido tão estimulada como tornada transversal, ao ponto de se manifestar de forma hegemónica. Neste cenário, é cada vez mais necessária a análise reflexiva e crítica do processo de digitalização por parte das ciências sociais. Entre as questões que este painel pretende debater e abranger estão: situar o actual processo de digitalização no seu contexto social e históri-co; explorar os modos como a introdução das tecnologias da comunicação contemporâneas estão a afectar os grandes domínios do mundo social, político, cultural, económico, laboral e nor-mativo; relacionar estilos de vida e literacia digital; analisar as implicações nos media e no jornalismo; compreender os problemas da privacidade, protecção dos dados e vigilância no quadro da disseminação dos meios digitais; examinar as políticas públicas, nacionais e internacionais, relativas ao processo de digitalização; indagar as consequências da digitalização no entendi-mento do que é “humano?

Coordenação: Maria Paula Meneses (CES-UC); Jessica Falconi (CEsA/ISEG); Isabel Noronha (Universidade Politécnica de Moçambique)

Do ponto de vista cultural, descolonização significou desde meados do século XX a inversão do olhar e do pensamento sobre o mundo colonizado, que por sua vez reivindicou o direito a um saber que se desprendesse do universalismo a que aspirava o discurso humanista europeu, afirmando a necessidade de imaginar, de olhar, narrar e perspectivar-se nos seus próprios termos. Independentemente do quadro político em que se deram os processos de descolonização, o momento das independências significou, para os colonizados, a possibilidade de reinvenção social e cultural de comunidades que se procuravam então constituir em Nação. Neste momento ímpar, no campo do cinema a utopia e a emoção da liberdade conquistada accionaram mecanismos de descoberta e experimentação de novas linguagens e diferentes estéticas, que servissem os propósitos que norteavam a sua produção, muitas vezes vista numa lógica política de cinema-acção, muitas vezes inspirada em movimentos vanguardistas do cinema mundial e terceiro-mundista, mas procurando dialogar com os saberes populares e as culturas locais , sobretudo a música, a dança e a literatura. Volvidas várias décadas sobre o processo de descolonização dos países africanos sob dominação portuguesa, a história deste processo e os seus efeitos na contemporaneidade representam um terreno ainda sensível e complexo. Por um lado, sentimentos de perda, lutos por elaborar, culpa, discursos que negam ou suavizam a violência colonial, análises unilaterais e invisibilizadoras da contraparte colonizada do processo, continuam a marcar a narrativa portuguesa sobre a descolonização. Do lado dos países que acederam às suas independências, também recaiu um pesado silêncio sobre esta história, marcada por políticas radicais e autoritárias, por guerras civis, por violências sequenciais que ainda afectam as relações sociais contemporâneas, sendo muitas vezes reflexos de uma descolonização por concluir. De que modo o cinema foi acompanhando este processo, desde as independências até à contemporaneidade, “documentando” e/ou questionando os moldes em que se foi dando a descolonização? Que histórias e memórias pretende resgatar e quais as narrativas que permite reconstituir? Num diálogo interdisciplinar, este GT procurará refletir sobre a relação entre cinema e descolonização, entendida enquanto processo e conceito que continua a marcar debates e teorias, bem como relações políticas, sociais e culturais. Pretende-se estimular esta reflexão através da exibição de filmes (documentários e filmes de ficção, em película ou vídeo, acabados e inacabados); do diálogo com cineastas “descolonizantes”; da apresentação de trabalhos académicos que analisem, dialoguem, visibilizem filmes relacionados com a descolonização em sentido amplo, convocando também questões de circulação, receção e conservação dos filmes.

Coordenação: Adriana Bravin (Universidade Federal de Ouro Preto); Lúcia Fernandes (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra); Marco Malagoli (Grupo de Estudos e Pesquisas em Ecologia Política, Universidade Federal Fluminense Campos dos Goytacazes); Sofia Bento (SOCIUS-ISEG-CSG, Universidade de Lisboa)

O discurso dominante busca convencer-nos que a questão ambiental é universal e afeta as pessoas de maneira igualitária (e a ninguém especificamente). O “ambiente” apresenta-se como campo de disputas e conflitos onde estão presentes diversidades e desigualdades através das quais os problemas ambientais – locais, nacionais e globais – afetam diferentemente grupos humanos, não humanos, ecossistemas e suas dinâmicas geográficas. Historicamente, a constituição e distribuição desigual de poder (nas relações de género, étnico-raciais, políticas, económicas, intergeracionais, geopolíticas) criam diferenciações quanto à capacidade de (re)apropriação social da natureza e de geração de mudanças negativas para o ambiente e a saúde, bem como nas formas de produção e acesso aos saberes, incluindo-se aqui o conhecimento científico. A resistência e persistência dos pluriversos, infinidades de cosmologias e práxis não redutíveis ao moderno, patriarcal e colonial universo que herdamos da cultura política-científica dominante -mundo composto de relações complexas entre seres humanos e a natureza – têm (re)criado diversas “comunidades” (também os seres que nos acostumamos a chamar de não-humanos, não-vivos) com relacionalidades diversificadas, incluindo-se aqui a co-participação de investigadoras/es. Surgem novos contextos de tensões criativas ao pensamento coletivo-cooperativo na construção de práticas de investigação engajadas sobre questões socioecológicas, por exemplo, ameaças aos territórios, saberes e práticas por atividades económicas diversas; desastres que obrigam mudança de usos do território e migração; poluição de rios, solos, mares, etc., impedindo a vida de comunidades de seres vivos humanos e não humanos; diferentes concepções de usos de espaços da cidade, entre outros. Esta construção compartilhada de saberes socioecológicos desafia-nos a habitar outros pontos de vista que façam dialogar perspetivas, uma preocupação epistemológica e ontológica.

Interessa-nos explorar: como é que investigadoras/es se colocam no contexto investigado e como esse ponto de vista se constitui a partir do encontro com o ‘Outro’; como se dá esse movimento de tradução entre mundos e quais os desafios que se apresentam a essa construção compartilhada e respectiva comunicação. O modus operandi do fazer investigativo, neste outro paradigma, pode colaborar para a criação de diferentes “designs em ação”, originando novas questões metodológicas. A partir deste ponto de partida, abre-se um convite amplo para investigadoras/es de diferentes áreas e percursos profissionais e de vida para que submetam propostas em diálogo com um ou mais dos seguintes recortes:

  • os processos político-epistemológicos da práxis: como acontecem as dinâmicas de co-produção de conhecimentos na colaboração entre investigadoras/es e sujeitos sociais territorializados nos diferentes locus de re-existências e dinâmicas de emancipação? Como se dá o seu modus operandi – quem inicia, dinamiza e define os objetivos, a estrutura e o tempo destas dinâmicas?
  • o campo metodológico-conceitual acionado na práxis: como se definem, são tratadas e enfrentadas as dimensões epistemológica e ontológica em meio ao desafio da superação de dicotomias herdadas da modernidade (ex. cultura/natureza, teoria/prática, local/global, ciência/política)? Como a concepção dos pluriversos permite ir além de tais dicotomias na co-produção do conhecimento? Que outras possibilidades abrem-se à abordagem metodológica da investigação engajada a partir das redes e ecologias comunicativas, da contribuição dos povos originários, dos saberes ancestrais, dos feminismos, das epistemologias do sul?
  • lugar-território da práxis: como as disputas especificamente relacionadas ao lugar-território (violência, opressão, desterritorialização, nomeadamente às mulheres) aparecem nos diferentes contextos de resistência e construção compartilhada de conhecimentos? Como investigadoras/es enfrentam/incorporam estas dimensões na práxis e no conhecimento produzido?

Coordenação: Paula Guerra (Universidade do Porto); Simone Amorim (CEsA,  CSG – ISEG); Lígia Dabul (Universidade Federal Fluminense); Pedro Costa (ISCTE Instituto Universitário de Lisboa)

O século XXI, no limiar das suas conturbadas duas décadas vive a experiência da crise nos campos social, político e ambiental. A inflexão conservadora por que passam diversos países no mundo fez emergir fenômenos tais como o racismo, a xenofobia, fascismos, homofobia, a censura e uma série de outras violências (físicas e simbólicas) que os processos de amadurecimen-to democrático das últimas décadas do século anterior procuraram de alguma forma encaminhar. Se no entanto falharam, esse não é o fim da história; pois sujeitos políticos, organizados ou não, têm transformado o mundo em um canteiro de utopias sem as quais será impossível reinventar o espaço do comum. Se é verdade que a degradação das possibilidades de construção de um mundo socialmente mais justo vive um momento ascendente, sobretudo no plano institucional, em simultâneo observa-se a vitalidade do engajamento de indivíduos e coletivos no en-frentamento político e no encaminhamento de alternativas ao atual estado de coisas. E o espaço público urbano tem sido o território privilegiado (simbólico e físico) de ocupação de um imaginário que vê na resistência política a única estratégia de sobrevivência humana. Essa retomada da rua pelos movimentos sociais emergiu nos acontecimentos históricos do século XX (urba-nização, globalização, culturas de massas, colonialismo) e vê-se agora mediada pelos fenômenos globais deste novo século (Internet, capitalismo estético, consumo etc). A construção da noção contemporânea do estético é inseparável da construção das formas ideológicas dominantes da sociedade de classes moderna, e na verdade, de todo um novo formato da subjetividade apropriado a esta ordem social. Na esteira desses desdobramentos, as questões políticas se aproximam das questões artístico-culturais. O campo artístico, supostamente mobiliza o capital simbólico, enquanto a política compete pelo acúmulo de poder no seio da sociedade, materializado pelo seu principal agente, o Estado moderno. O facto de não serem sistemas contíguos não implica que não tenha havido, ao longo da história, entrecruzamentos e aproximações entre a arte e a política. A atualidade presencia com cada vez mais frequência o recurso à arte como meio de engajamento político, em simultâneo, a luta política pelo compartilhamento do poder em bases mais justas vale-se das estéticas artísticas como dispositivo de visibilidade de suas causas. A performatividade, passa a ser um modo frequente pelo qual o social é praticado, inaugurando uma nova epistemologia do engajamento social (Yúdice, 2004:49). Dois momentos assinalam a origem daquilo que com cada vez mais frequência os estudiosos vêm identificando como artivismo: os movimentos sociais do final da década de 1960 pelos direitos civis, que teriam acionado um ativismo de bases estéticas na contemporaneidade e a produção das novas tecnologias, que ganham intensidade a partir de meados dos anos 1990 (Chaia, 2007). Assim, os meios de comunicação de massa, a Internet e as conquistas tecnológicas constituíram suportes para ampliar o potencial de artistas políticos e alastrar o campo de ação do artivismo. São muitas as mobilizações em torno de causas que, no contexto fragmentado da contemporaneidade, figuram como bandeiras na diversidade de reivindicações sociais por justiça, em todo o mundo. O objetivo desse GT é o de reunir um conjunto de trabalhos e ideias que mobilizam a estética artística como motor de resistência política e construção de utopias. Pretendemos cons-truir um mosaico de práticas experimentadas em diversas partes do mundo, diferentes contextos e arranjos, por sujeitos e coletivos que estão organizando a resistência aos processos de de-gradação política em marcha. Privilegiará o diálogo entre as obras de criação artística e as reflexões de cariz epistemológico a respeito da obra de arte relacional e do ativismo político per-formático. O GT configura-se como um questionamento do que pode a arte na construção das utopias no espaço urbano contemporâneo.

 

Dadas as medidas de contingência à Covid-19, o CONLAB foi adiado para 2021.

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