Arlindo Fortes, doutorando do Programa de Doutoramento em Estudos do Desenvolvimento e investigador do CESA-CSG, publica em coautoria com Miguel Brilhante, Eromise Varela, Anyse P. Essoh, Maria Cristina Duarte, Filipa Monteiro, Vladimir Ferreira, Augusto Manuel Correia, Maria Paula Duarte & Maria M. Romeiras, o estudo “Tackling Food Insecurity in Cabo Verde Islands: The Nutritional, Agricultural and Environmental Values of the Legume Species” na Revista «Internacional Foods», da Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI), num número especial dedicado ao combate à insegurança alimentar nas ilhas de Cabo Verde.
Este estudo é resultado da participação num consórcio do Instituto Superior de Agronomia e da Universidade Nova de Lisboa e no projecto «CV Agrobiodiversity – Climatic changes and plant genetic resources: the overlooked potential of Cabo Verde’s endemic flora», financiado pela FCT/Aga Khan.
As espécies de leguminosas são importantes fontes de alimento para reduzir a fome e lidar com a desnutrição; também desempenham um papel crucial na agricultura sustentável nas ilhas tropicais secas de Cabo Verde. Para melhorar o conhecimento do património de recursos fitogenéticos neste país de rendimento médio, este estudo teve três objetivos principais: (i) fornecer uma lista de leguminosas alimentares; (ii) investigar quais as espécies que são comercializadas nos mercados locais e, com base em pesquisas de campo, comparar as espécies quanto à composição química, fenólica, antioxidante e nutricional; e (iii) discutir o valor agronómico e a contribuição para a segurança alimentar neste arquipélago.
Os resultados revelaram que 15 espécies são utilizadas como alimento e 5 delas são comercializadas localmente (Cajanus cajan, Lablab purpureus, Phaseolus lunatus, Phaseolus vulgaris e Vigna unguiculata). Destaca-se o papel dessas espécies como fontes de importantes minerais, antioxidantes e componentes nutricionais para a segurança alimentar, destacando-se as nativas (Lablab purpureus e Vigna unguiculata), particularmente bem adaptadas ao clima dessas ilhas, já experimentando os efeitos adversos das mudanças climáticas. Conclui-se que o uso sustentável desses recursos genéticos pode contribuir para a redução da fome e da pobreza, atendendo a alguns desafios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.